Mapeamento de produtores agroecológicos, da agricultura familiar e da sociobiodiversidade amazônica no estado do Pará

Desde 2020, o projeto Da Amazônia para Belém (realizado pelo Instituto Fronteiras do Desenvolvimento e pelo Instituto Regenera com o apoio do Instituto Clima e Sociedade) busca compreender as oportunidades e desafios para a ampliação da oferta justa de alimentos agroecológicos em Belém, e fortalecer as oportunidades de acesso a mercado a produtores na região. Com isso, busca-se promover uma transição justa na agricultura, fortalecer o ecossistema socioeconômico da região e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas.

Com o anúncio da realização da Conferência do Clima da ONU (COP30) em Belém em 2025, empreendemos esforços para garantir que a alimentação oferecida às delegações e participantes de todo o mundo seja de produção local, agroecológica e da sociobiodiversidade amazônica. Os objetivos são gerar oportunidade de mercado para a agricultura familiar local, provar que existe produção suficiente para abastecer grandes quantidades de pessoas, e conferir visibilidade a modelos sustentáveis de produção de alimentos. Com isso, pretendemos explicitar os nexos entre a alimentação oferecida, quem são seus produtores, quais são as comunidades beneficiadas, e quais as externalidades positivas desses alimentos para a saúde de quem os consome, para o bem viver de quem os produz, e para os desafios de adaptação e mitigação das mudanças climáticas.

No âmbito do projeto, as atividades se concentraram em duas frentes: a articulação com o Governo Federal e elos da sociedade civil para assegurar que essa demanda seja contemplada na realização do evento, e o mapeamento de cooperativas, associações, movimentos sociais e redes de produtores aptos a fornecer para a COP30. O resultado desse mapeamento é de acesso público, e pode ser acessado ao final desta página.

Percurso Metodológico

Identificação das
organizações de
produtores

Além das redes de agricultores com quem já havíamos trabalhado em etapas anteriores do projeto, identificamos também as cooperativas, organizações e redes com maior número de famílias (a partir de outros levantamentos da base produtiva da sociobioeconomia local). Em termos geográficos, foram priorizadas as regiões mais próximas a Belém, como a Região Metropolitana de Belém, o Nordeste Paraense, Sudeste Paraense, Baixo Amazonas e o Marajó.

Coleta das
informações

Todas as informações coletadas foram informadas pelos próprios representantes das organizações, seja via preenchimento de uma ficha pelos próprios respondentes, seja por meio de entrevista semiestruturada. O roteiro de coleta contemplava informações sobre a composição da organização (como número de famílias e dados de contato), perfil da produção (características, produtos, volumes), mercados acessados, situação de logística e infraestrutura, e situação fiscal, sanitária e regulatória. A coleta ocorreu entre 2024 e 2025.

Sistematização
das informações

Pelo link abaixo, você poderá acessar uma plataforma dinâmica com as principais características – como localização, perfil da produção e dados de contato de cada organização. Na plataforma, também é possível filtrar por localização e perfil de produção, ou buscar por produtos e informações específicas.

Importante: O recorte de produtores indicado neste estudo não reflete o conjunto de todos os atores que atuam neste segmento no estado do Pará. Por tanto, esse mapeamento deve ser tomado como um ponto de partida para futuras atualizações.

Glossário

As características da produção indicadas na listagem foram informadas pelos respondentes, podendo haver divergências entre a classificação dos informantes e definições formais. Para fins de orientação, informamos abaixo as classificações consideradas durante a elaboração do questionário:

Quanto ao tipo de produção:

Produção de populações originárias e tradicionais:

Produção de “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição” (Decreto 6.040, art. 3º, § 1º). Inclui os povos indígenas, as comunidades remanescentes de quilombos, os pescadores artesanais, os ribeirinhos (…), entre outros (MPMG).”

Agroecológica ou em transição:

“A agroecologia consiste num conjunto de conhecimentos e práticas referentes ao modo de produzir e se relacionar na agricultura (…) que implicam na construção de novas relações no meio rural, inclusivas e igualitárias, entre homens, mulheres, jovens e da terceira idade, na produção de alimentos saudáveis, respeito à biodiversidade e na valorização da produção local com alternativas de comercialização”. Produtos cuja produção segue “uma abordagem integrada que aplica simultaneamente conceitos e princípios ecológicos e sociais à concepção e gestão de sistemas alimentares e agrícolas”, e que “visa otimizar as interações entre plantas, animais, humanos e o ambiente, tendo em conta os aspectos sociais que devem ser abordados para um sistema alimentar sustentável e equitativo” (FAO).

Orgânico certificado:

Alimentos “obtidos em um sistema orgânico de produção agropecuária ou oriundo de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema local”, certificados por organismos credenciados no Ministério da Agricultura ou autorizados pelo Ministério da Agricultura a comercializar diretamente ao consumidor e para compras públicas (MAPA), conforme Lei 10.831/2003 e Decreto 6.323/2007.

Produção da Reforma Agrária:

Produção de cooperativas, associações e agroindústrias nos assentamentos de reforma agrária.

Produção da Agricultura Familiar:

Alimentos produzidos “em uma forma de organização social, cultural, econômica e ambiental, na qual são trabalhadas atividades agropecuárias no meio rural, gerenciadas por uma família com predominância de mão de obra familiar”, tipificada pela Lei nº 11.326/2004, em que “é considerado agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, possui área de até quatro módulos fiscais, mão de obra da própria família, percentual mínimo de renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento e gerenciamento do estabelecimento ou empreendimento pela própria família”.

Quanto aos tipos de alimentos (segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira)

In natura:

São aqueles obtidos diretamente de plantas ou de animais para o consumo, sem que tenham sofrido qualquer alteração. Entram nesta categoria folhas, frutas, verduras, legumes, ovos, carnes e peixes.

Minimamente processados:

São aqueles que são submetidos a algum processo, mas que não envolvam a agregação de substâncias ao alimento original, como limpeza, moagem e pasteurização. Dois exemplos de alimentos minimamente processados estão sempre presentes na mesa do brasileiro: o arroz e o feijão. Lentilhas, cogumelos, frutas secas, sucos de frutas sem adição de açúcar, castanhas e nozes sem sal, farinhas de mandioca, de milho de tapioca ou de trigo e massas frescas também entram nesta categoria.

Processados:

São aqueles fabricados pela indústria com a adição de sal, açúcar ou outro produto que torne o alimento mais durável, palatável e atraente. São os casos das conservas em salmoura (cenoura, pepino, ervilhas, palmito), compotas de frutas, carnes salgadas e defumadas, sardinha e atum em latinha, queijos feitos com leite, sal e coalho e pães feitos de farinha, fermento e sal. Por terem adição de sal, gordura e açúcar podem fazer parte do prato desde que em pequenas quantidades e como parte de uma refeição baseada em alimentos in natura e minimamente processados.

Ultraprocessados:

São formulações industriais, em geral, com pouco ou nenhum alimento inteiro. Esse tipo de alimento sempre contém aditivo, como é o caso das salsichas, biscoitos, geleias, sorvetes, chocolates, molhos, misturas para bolo, barras energéticas, sopas, macarrão e temperos instantâneos, salgadinhos chips, refrigerantes, produtos congelados e prontos para aquecimento como massas, pizzas, hambúrgueres e nuggets.

Créditos

Projeto Da Amazônia para Belém

Realização
 
Apoio

Equipe participante desta etapa do projeto

Ana Carolina Panegassi Barezi
Beatriz Duarte de Holanda Cavalcanti Bezerra
Daniella Wagna Rabello de Azevedo
Fabrício Muriana Arêa Lima
Isayana Oliveira Silva
Maurício Fernandes de Alcântara